segunda-feira, 18 de outubro de 2010

EDVARD MUNCH E A KUNSTHAL DE ROTTERDAM

Hoje, dia 18 de outubro de 2010, segunda-feira, mesmo sabendo de que muitas das “casas de artes” no mundo não abrem suas portas aos apreciadores, resolvi passar na Kunsthal de Rotterdam. Claro, se não fosse possível ver a exposição do grande pintor norueguês Edvard Munch, seria possível respirar um pouco de uma arquitetura excepcional.
Ao chegar no local me deparei com galeria de arte, como já esperado, fechada à visitação hoje. Porém, o que veio a me espantar e gerar diversos questionamentos, fora a presença totalmente questionável de um portão, localizado no início da rampa de acesso à galeria, próximo ao parque da universidade Erasmus.
Este elemento que ao mesmo tempo nos dá segurança, nos dá o direito de prisão, inacessibilidade. Na situação que vivenciei, o mesmo objeto aniquilou todo esforço teórico e prático que Rem Koolhaas teve ao criar este projeto. Sabemos toda qualidade urbana do objeto arquitetônico. O mesmo transcende a função de galeria de arte e se torna um grande conector urbano. Transcende a o quesito construção, e por ser ligeiramente inútil, se aproxima de arte.
Tenho certeza que quando Rem Koolhaas projetou o Kunsthal, teve a intenção de criar um objeto que fosse além do que apenas mais uma galeria de arte na cidade. Projetara então uma conexão urbana, conectando a universidade Erasmus à cidade. A grande rampa, por ele projetada, a idéia do boulevard moderno, era o ponto de partida de seu projeto, assim, a essência de toda criação. Todas as funções ou inutilidades da galeria de arte, seriam geradas de maneira a orbitar este eixo conector.
A grande questão sobre este fato não é sobre o fechamento ou não da Kunsthal, mas sim sobre a quebra da essência de uma obra arquitetônica, sua mudança vocacional temporária culminando neste caso, no bloqueio momentâneo de um importante conector urbano. Hoje há no local um corpo, sem vida. O fechamento desta conexão deixa um grande cadáver na cidade. Claro, essa atitude é temporária, mas pelo menos uma vez por semana esta obra morre e renasce logo após. O simples ato de não ter este portão, manteria a obra viva para sempre, mesmo que as funções que orbitam o eixo permaneçam fechadas ao público. Este é o ponto em que a Kunsthal de Rotterdam transcende a construção física e o funcional como um todo e vire arte.
O portão, o qual me deparei hoje, não é e nem nunca fez parte da concepção do projeto de Rem Koolhaas. A adição deste elemento ao projeto, conseguiu, como disse anteriormente, acabar com todo e qualquer esforço prático e teórico do autor. Algumas das obsessões de Munch como morte, solidão, melancolia não consegui ver em sua pintura hoje, mas vi e senti a presença das mesmas na obra de Rem Koolhaas. Será que a adição do portão não seria obra do pintor norueguês?








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